quarta-feira, 7 de junho de 2006

Declaração

Se uma pessoa diz a outra que a ama, a própria linguagem supõe a expressão "para sempre". Não tem sentido dizer: - Amo-te, mas provavelmente só durará uns meses, ou uns anos, desde que continues a ser simpática e agradável, ou eu não encontre outra melhor, ou não fiques feia com a idade. Um "amo-te" que implica "só por algum tempo" nõo é um amor verdadeiro. É antes um "gosto de ti, agradas-me , sinto-me bem contigo, mas de modo algum estou disposto a entregar-me inteiramente, nem a entregar-te a minha vida". A entrega do corpo é a expressão dessa entrega total da pessoa. Porque o meu corpo sou eu, não é uma coisa externa, um agasalho ou uma máquina que eu uso, mas sou eu próprio. Precisamente por isso, o amor autêntico inclui, por si, o "até que a morte nos separe". O amor é entregar-se para sempre; entregar o corpo sem se entregar para sempre seria prostituição, a utilização da própria intimidade como objecto de troca: dar o corpo em troca de algo (ainda que esse algo seja o enamoramento), sem ter entregado a vida. Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te. Amar não é mais que morrer em si para renascer no outro. Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo? O amor, no seu conjunto, não se reduz à emoção nem ao sentimento, que não são senão alguns dos seus componentes. Um elemento mais profundo, e de longe o mais essencial de todos, é a vontade, que tem o papel de modelar o amor no homem. Na amizade - ao contrário do que sucede na simpatia - a participação da vontade é decisiva. Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, sou como um bronze que soa, ou como um címbalo que tine. E ainda que eu tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e tivesse toda a fé, até ao ponto de transportar montanhas, se não tivesse amor, não seria nada. E, ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada me aproveitaria. Quando eu digo que amo é porque amo mesmo! E se nos meus interesses tu não apareces é decerto porque aquilo faz parte da farsa que represento todos os dias para os outros, a vida e uma peça de teatro sem direito a ensaios, o que não implica que tu não estejas dia a dia, hora a hora minuto a minuto, presente em mim e em cada gesto, em cada olhar meu...

António Sengo

3 comentários:

Anónimo disse...

Bem o sengo ate ja tem criaçoes suas nos blogs!isto e mt honra!
beijos*Lucy

António Sengo disse...

ooooooooooooh, koisa tão fofa!! eu nao sabia q tinhas isto aqui escrito?? porque é que nunca me disses-te?? es msm tonho! eu ja aki tinha feito milhentos coments... lololol, ai agr tou a cair em mim sinto-me tão lisonjeado, ' uma coisa escrita por mim no blog de outra pessoa, inda por cima a carissima Marta Jorge... lolol... drt*

António Sengo disse...

*adorei o teu blog
*continua a postar coisas lindas como até agora! e sempe ke kiseres keu escreva klr koisa, é só dares o tema... muah...
*se não vivesses tão longe pedia-te em casamento! beijos :)