segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O Último Hotel


Prefácio

Numa tarde pachorrenta, estando eu entregue ao tédio, a minha imaginação, aparentemente aborrecida por ser ignorada, tirou férias – e nunca mais voltou. Tinha perdido aquilo a que o poeta Wordsworth chamava o “olho interior”. Ou o perdi, ou ficou esquecido algures no mundo natural.
Que havia eu, um artista, de fazer? Como havia eu de trabalhar, de pintar, de viver!
Tentei agarrar-me a uns fiapos de memória, mas não eram suficientes.
A memória é um chapéu velho; a imaginação é um par de sapatos novos. Tendo perdido os sapatos novos, que resta fazer senão partir à sua procura?

Roberto Innocenti, J. Patrick Lewis