terça-feira, 25 de abril de 2006

Os Olhos eram Verdes




Os olhos (...) eram verdes... não daquele verde descorado e traidor da raça felina, não daquele verde mau e destingido, que não é senão azul imperfeito, não; eram verdes-verdes, puros e brilhantes como esmeraldas do mais subido quilate.
São os mais raros e os mais fascinantes olhos que há.
(...) Tinha os olhos verdes; e o efeito desta rara feição naquela fisionomia, à primeira vista tão desconcertante - era em verdade pasmoso. Primeiro fascinava, alucinava; depois, fazia uma sensação inexplicável e indecisa, que doía e dava prazer ao mesmo tempo; por fim, pouco a pouco, estabelecia-se a corrente magnética tão poderosa, tão carregada, tão incapaz de solução de continuidade, que toda a lembrança de outra coisa desaparecia, e toda a intelegência e toda a vontade eram absorvidas.
(...) Olhos verdes!!... (...) Não se reflecte neles a pura luz do céu, como nos olhos azuis.
Nem o fogo e o fumo das paixões, como nos pretos.
Mas o viço prado, a frescura e animação do bosque, a flutuação e a transparência do mar...
Tudo está naqueles olhos verdes.
(...) No verde está a origem e o primeiro tipo de toda a beleza.

Almeida Garrett

1 comentário:

Anónimo disse...

lindo olho!
mas prefiro os castanhos.

e então se me permites:

"Teus olhos castanhos
de encantos tamanhos
são pecados meus,
são estrelas fulgentes,
brilhantes, luzentes,
caídas dos céus,
Teus olhos risonhos
são mundos, são sonhos,
são a minha cruz,
teus olhos castanhos
de encantos tamanhos
são raios de luz.

Olhos azuis são ciúme
e nada valem para mim,
Olhos negros são queixume
de uma tristeza sem fim,
olhos verdes são traição
são cruéis como punhais,
olhos bons com coração
os teus, castanhos leais."

adoro esta música.