segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O Último Hotel


Prefácio

Numa tarde pachorrenta, estando eu entregue ao tédio, a minha imaginação, aparentemente aborrecida por ser ignorada, tirou férias – e nunca mais voltou. Tinha perdido aquilo a que o poeta Wordsworth chamava o “olho interior”. Ou o perdi, ou ficou esquecido algures no mundo natural.
Que havia eu, um artista, de fazer? Como havia eu de trabalhar, de pintar, de viver!
Tentei agarrar-me a uns fiapos de memória, mas não eram suficientes.
A memória é um chapéu velho; a imaginação é um par de sapatos novos. Tendo perdido os sapatos novos, que resta fazer senão partir à sua procura?

Roberto Innocenti, J. Patrick Lewis

1 comentário:

Anónimo disse...

Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.

Pablo Neruda, "Não te quero senão porque te quero"